quinta-feira, 26 de março de 2009

Alerta Brasil! Cuidado com os Saudosista do período militar

Recentemente um General do Exercito Brasileiro manifestou suas posições frente ao cenário político, demonstrando “receio” no destino do Brasil, caso Lula seja reeleito. Demonstrou receio na possível implementação de uma Assembléia Constituinte para uma reforma política no País, vinculando a mesma a posições ditatórias ou totalitárias do atual governo. Criticou a criação de ministérios e nomeação de “companheiros”, alguns sem mérito, e o apoio “oficial” a violentas e criminosas ações dos movimentos sociais. Vaticinou a “desgraça” na vitória do atual governo e o a violência no caso de derrota, no intuito de “prejudicar” o eleito. Como bom militar e estrategista, conhecedor d’A ARTE DA GUERRA de Sun Tzu, defendeu o ataque como melhor defesa de suas idéias, ou negar o direito ao contraditório ao dizer “Que não venham os hipócritas ou imbecis, por conveniência ou ignorância, deixar de enxergar, considerando assombração ou medo de fantasmas, o cenário que trago à baila,...”.
Uma assembléia constituinte, em si, não é necessariamente boa ou ruim, depende de quem participa, como que intenção e em que contexto é realizada. O receio do General, no caso da reeleição do governo atual é infundado. Lembra um empresário que preconizava a saída de 800 mil empresários do Brasil, caso o metalúrgico ganhasse a eleição. Lula ganhou, não saiu nenhum empresário do País. Agora, o General profetiza a Desgraça ou a Violência. Uma oráculo de Delfos seria tão pessimista.
O artigo do General, em conjunto com algumas noticias publicadas pela mídia recentemente, falando sobre o “maior mar de lama da história do Brasil”, me faz lembrar o período pré-suicídio de Getulio Vargas, no qual o conflito de classe – perdoem o uso desse conceito “comunista” – se agravava. Lembra também a década de 1960, quando o medo dos “comunistas” favoreceu um golpe militar. Nesses dois períodos também se falava em mar de lama, em corrupção, em crise de valores, crise de ética, etc. No primeiro, o suicídio de Vargas criou uma comoção nacional afastando o golpe de direita que se orquestrava. Duvido que Lula tenha a coragem de Getúlio. No segundo, deu no que deu. E todos os brasileiros com mais de 30 anos se lembram bem. Para os mais jovens indico os livros sobre o regime militar brasileiro do jornalista Elio Gaspari. Devo ressalvar que aqueles que atribuem o maior mar de lama da história ao governo Lula, devem ter lido muito pouco de história e ter uma memória muito falha.
Gostaria de ressaltar que criar e extiguir ministério são comuns aos governos brasileiros. Não é de hoje essa prática. E nomear “companheiros” também não é novidade. Vejamos a prática de nepotismo no judiciário, nas assembléias etc. Mas o país está mudando. Aos poucos, mas esta mudando. Basta pensar, caso estivesse escrito esse artigo em 1971, possivelmente eu já estaria preso e pendurando em um pau de arara, ou quem sabe “comendo capim pela raiz”. Recentemente a Escola Superior de Guerra convidou o “companheiro” Stedile para uma palestra. Sinais de democracia e liberdade, ou estratégias utilizadas para se conhecer o inimigo, para poder combatê-lo, já nos ensinava Sun Tzu. Alguns saudosistas, ainda utilizam o cargo, a patente, o grito ou a pseudo-autoridade para impor suas idéias e vontades. Mas essa estratégia não funciona para todos os brasileiros.
O governo Lula, a quem tenho críticas e discordâncias profundas, representa um avanço significativo em relação aos governos anteriores. O governo anterior multiplicou a divida interna por 12, elevou os juros a extratosfera, privatizou empresas recebendo títulos da divida pública pelo valor de face (moeda podre), enxugou o emprego público ao máximo, doou 20 bilhões aos bancos, impediu CPIs, gerou desemprego em massa, aprovou uma reeleição altamente discutida, e os militares e as classes dominantes nada reclamaram.
O atual governo ampliou a esmola que o anterior distribuía, de dois para nove milhões de famílias. É uma esmola, mas agora é para cinco vezes o número de pessoas atendidas pelo governo anterior. Diminuiu a população abaixo da linha de miséria, reduziu a divida pública indexada ao dólar, que gerava instabilidade econômica. Ampliou as vagas nas universidades públicas, através de novas universidades e novos campus. Realizou concursos públicos em quantidade significativa, embora ainda não reponha quadros necessários e reduzidos pelo governo anterior. Através da CGU vem realizando um trabalho eficiente. O governo Lula implodiu a ALCA, reduziu os juros SELIC, mantém o risco-Brasil a níveis nunca anteriormente alcançados. Nunca em nenhum governo anterior, a polícia federal prendeu tanto políticos, empresários, juizes, etc,. A não ser no regime militar, mas naquele tempo, boa parte era apenas “comunista” ou “subversivo” ou nem sabia o que era isso, simplesmente estava no lugar errado, na hora errada.
O governo Lula não satisfez aqueles que acreditavam que ocorreria uma “revolução” no país, aqueles que não leram a carta a sociedade brasileira publicada antes das eleições, e a elite que há quinhentos anos mantém o controle sobre os trabalhadores, sobre o povo. Os antigos senhores de engenhos, foram coronéis, e ainda permanecem na figura de políticos, militares, juizes, empresários.
Para finalizar, devo dizer que respeito aqueles que pensam diferente de mim. Não os acho imbecis, nem hipócritas. Pensam diferente por compromissos econômicos, políticos, culturais, religiosos ou ideológicos. Democracia se constrói com respeito, honestidade, ética, com debates e respeito as posições contrárias, e não com acintes, menosprezo ou vaticínios terroristas. E devo confessar que tenho medo de assombração e de fantasmas sim. Somente sente saudades do regime militar brasileiro, os militares de alta patente, os grandes empresários. Por que os cidadãos civis viviam em clima de terror. Afinal a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Sempre foi o povo, o trabalhador, o cidadão que padeceu e padece sobe as ditaduras sejam elas de esquerda, de direita ou de centro. Na guerra ou na guerrilha, são os soldados que morrem no front, enquanto os comandantes ficam nos cartéis a dar ordens, e a serem servidos por aqueles que vão morrer. Como diria os gladiadores, “os que vão morrer saúdam o Grande César”.
A democracia no Brasil não é, nunca foi, e dificilmente será, realmente uma democracia. Mas mesmo assim, é muito melhor que os regimes militares. Ainda manda quem pode e obedece quem tem juízo. Talvez, essa minha posição leve aos meus opositores me denominarem de comunistas, subversivos ou na melhor hipótese petista. Mas como vivemos em uma “democracia” sei que não irei para o pau de arara, ou preso pelas minhas palavras.

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