quinta-feira, 26 de março de 2009

CAMINHÃO LOTADO DE JAPONESES 2

Muitas vezes a visão ocidental generaliza fenômenos que não são inteiramente idênticos. Muitas vezes nivelamos por baixo sem ver os detalhes que dão a diferença. Diversos profissionais, em especial os jornalistas, talvez devido à falta de conhecimento em economia, e em outras áreas do conhecimento, homogeneízam fenômenos um tanto dispares. Não se pode comparar PSDB e PT, mostrando-lhes apenas as similitudes. É preciso também ver as diferenças. O artigo de Miranda de Sá, ilustre jornalista, necessita de algumas modificações que permitam melhor comparar os governos do PSDB e do PT. Afinal nem sempre todos os caminhões contém japoneses, existem os chineses, coreanos, vietnamitas entre outros, que detestam serem confundidos com japoneses. Este fato ocorre devido nosso desconhecimento sobre essas sociedades.
Falar que mudou para pior, exige que se diga o que mudou. Embora o modelo adotado pelo PT seja semelhante, não é igual. Por exemplo: o governo do PSDB insistia em dívida pública indexada pelo dólar. Para os que desconhecem de economia, esse fato aumenta a vulnerabilidade da economia para com as crises externas. O PT reduziu drasticamente. Os críticos dirão: “mas reduziu pagando”. Ora, em momento algum o PT disse que não pagaria. A carta ao povo brasileiro foi bem clara. Quem não leu ou não quis ler, e acreditou em mudanças radicais, enganou a si mesmo. Quando a variável desemprego, é bom que se olhem os dados do IBGE sobre essa variável nos últimos doze anos. Um estudante de economia, estatística ou leitor atento percebera uma redução e mudança no fenômeno desemprego.
Talvez o nobre jornalista esteja profetizando a reeleição de Lula, mas o PT vem governando apenas a três anos e oito meses e não quatro anos e quatro meses como mencionou. Quanto ao crescimento econômico é preciso ver que na media, embora com uma diferença pequena, a taxa do governo Lula é maior que a do PSDB. Quanto ao declínio da desigualdade sócio-econômica concordo parcialmente com o jornalista. Diminuiu à custa da classe média, mas no governo anterior, os recursos da classe média iam para elite, ou seja, se é para “saquear” a classe média, da qual faço parte, que seja pelo menos parte para os pobres e miseráveis, e não somente para a elite. Pensando bem, o fato de diminuir o número de miseráveis, também beneficia em parte a classe média, afinal são esses miseráveis que compram no bar, na mercearia, no armarinho, consomem um pouco mais, ampliando as vendas dos pequenos e médios empresários.
Quanto ao fato da corrupção está explodindo. Isso é muito bom. Ruim seria se não se estivesse prendendo ninguém. Ruim seria se ninguém soubesse de nada. Se a mídia não falasse de roubo e corrupção. A emersão da corrupção é um sinal claro de que o pais esta melhorando. Só falta agora os corruptos ficarem presos. Mas pelo menos me alegro em ver que não é apenas o ladrão de galinha que usa as belas pulseiras da Policia Federal. Rezo para que fiquem atrás das grades, mas sei que ainda não avançamos a esse ponto. Mas demos um passo a mais. Imagine o eleitor, se nos anos 1980, um deputado, um juiz, um promotor ou um militar de alta patente seria algemado e preso.
Não se pode atribuir ao governo do PT e ao presidente da República o fato da cidadania ser refém do crime organizado. Podemos sim, criticar e apontar as falhas, as incompetências, sugerir mudanças. Mas culpá-los pelo contexto atual é uma falta de conhecimento em história, política e economia. Talvez fosse interessante ler Maquiavel, mas para quem leu Sêneca, não ter lido Maquiavel, é impressionante. O atual contexto é resultado: de décadas da falta de compromisso sócio-econômico das elites empresariais e dos governos com os pobres; do subalternismo da nossa classe média, que anseia em subir e para isso cai aos pés da elite. Acabar com a corrupção é um sonho, que creio, nem Deus consegue realizar, se não extinguir a raça humana. Porém creio piamente, que lentamente podemos avançar na democracia, na economia, em todas as dimensões da vida humana, mas sempre de forma lenta e gradual, desde que a sociedade civil organizada, principalmente os trabalhadores ocupem os espaços ocupados pela elite, seja no judiciário, no congresso e no executivo. Tarefa árdua, mas possível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário